Ganhadora do edital de literatura do Governo do Estado, a autora fará o lançamento virtualmente, durante live do grupo Minhas Raízes.
O resultado de uma longa pesquisa realizada durante o mestrado em Letras, com foco na comunidade de Nazaré e suas manifestações culturais, será disponibilizado em formato de livro.
A obra Mito e Identidade em Nazaré-RO, uma leitura pós-colonial das manifestações culturais de uma comunidade ribeirinha, de Simone Norberto, será lançada virtualmente neste sábado, durante uma live organizada pelo grupo musical Minha Raízes, um dos inspiradores do estudo.
A dissertação, defendida na Universidade Federal de Rondônia (Unir), sob a orientação de Miguel Nenevé, foi agraciada com o prêmio de dez mil reais do Edital de Literatura da Sejucel – Governo do Estado de Rondônia para editar a obra, que a partir de agora será distribuída para a população.
“Para mim é muito importante difundir essa rica e importante cultura ribeirinha, o que não seria possível sem a instituição de uma política pública justa de apoio às produções culturais”, disse a autora sobre o edital.
Simone Norberto conta que a dissertação obteve nota dez na banca e já foi apresentada em diversos eventos acadêmicos nacionais e internacionais, como na Universidade da Pensilvânia (EUA) e Universidade de Macau (China). “Foram ótimas experiências, que despertaram bastante interesse, porém não queria que ficasse restrito ao mundo acadêmico, pois o livro revela histórias incríveis dos narradores de Nazaré”, destacou.
A obra, editada pela Temática Editora, tem projeto gráfico de Rogério Mota, ilustrações do artista plástico Flávio Dutka e revisão final de Abel Sidney. Será disponibilizada em PDF ao grande público para que todos tenham acesso. “Planejávamos fazer um lançamento presencial, porém, diante do advento da pandemia do coronavírus, optamos por um formato virtual, para que todos possam ter acesso, sem precisar sair de casa”, explicou Simone.
Tema
A questão inicial que se apresentou como motivadora para a pesquisa foi como se dava a comunicação da população ribeirinha de Nazaré, mediada pela narrativa mítica, e a partir dela identificar e explorar sob uma perspectiva pós-colonial usos e costumes presentes na comunidade de Nazaré, por meio das histórias e memórias do povo. Desta forma, foi possível contribuir para a preservação e valorização da cultura local, dando empoderamento ao ribeirinho, o que significa descolonização. Essa identidade, em dado momento, também foi ressimbolizada por meio do estudo da produção artística do grupo Minhas Raízes, mecanismo comprovado diante da forte presença de elementos simbólicos, que podem facilmente ser lido, ouvido e sentido em seus “poemas musicados”. Como as canções do grupo Minhas Raízes estão repletas de temas e motivos sobre mitos ribeirinhos, se tornaram ponte para a conexão com a comunidade. A partir de narrativas sobre os mitos, se buscou se identificar visões e atitudes de mundo, relações humanas e políticas, além dos componentes culturais e simbólicos presentes na(s) identidade(s) dos moradores de Nazaré.
Nazaré Encantada
A dissertação também resultou em um documentário, o Nazaré Encantada, já exibido em diversos eventos. A diretora destaca a pré-estreia, ocorrida durante o festival de Nazaré, com um momento especial, no qual a comunidade ficou emocionada ao se ver na tela. “Para nós foi uma grande satisfação assistir aos nossos depoimentos. É um trabalho digno para a comunidade. Você usou a sua teoria e o seu respeito para com o nosso povo para levar a nossa voz para o mundo”, agradeceu seu Venâncio, um dos narradores retratados no documentário e agora eternizado no livro. O documentário tem trilha sonora do Minhas Raízes, por isso é para autora tão importante fazer o lançamento no evento virtual do grupo.