O casal de servidores do quadro do TJ em Machadinho do Oeste, Moacir Santos e Glaudênia Rabelo, ele Oficial de Justiça e ela Técnico Judiciário, depois de participar do Curso Diálogos Transformadores, ministrado pela Escola da Magistratura, teve a inovadora ideia de iniciar o projeto aberto de uma Roda de Conversa, com o Título “Fala que Dói Menos”, que vem fazendo o maior sucesso naquele município do interior do Estado.
O curso que deu origem à iniciativa foi aplicado por Karin Kansog, formadora em práticas restaurativas e mediadoras, com abordagem reflexivo-transformativa, uma metodologia que ao longo do tempo tem se mostrado bastante eficaz em trabalhos de grupo.De acordo com os idealizadores, a concepção da ideia surgiu em virtude da premente necessidade do ser humano de expressar os problemas pessoais que enfrenta na convivência com os grupos de pessoas ao seu lado, e descobrir, com isto, que muitas vezes o que sente é bem semelhante ao que o outro enfrenta.
O casal constatou que as pessoas, em meio às atribulações do dia a dia – e em razão do hábito moderno de se comunicarem muito pelas redes sociais – já não conversam “pessoalmente”, mas quando têm a oportunidade de “se abrir” diante de um grupo, as soluções se mostram bem mais próximas, em razão da similaridade entre as situações individuais, encontrando aí a motivação para a criação dos encontros.
O nome “Fala Que Dói Menos”, segundo os idealizadores, faz referência ao fato de o casal entender que, quando um problema, uma dificuldade, é compartilhada, se torna menor, principalmente nos dias atuais, onde as pessoas “correm contra o tempo”, e não raras vezes acumulam angústias e frustrações.
Assim, a “Roda de Conversa”, dentro destes parâmetros, consiste em encontros mensais, realizados na casa do casal, para conversar sobre um tema predeterminado.
Os encontros são frequentados por pessoas de diversas idades, profissões, classes sociais e, embora não sejam restritos aos servidores do Fórum, todos os meses o convite é lançado e alguns servidores participam.
Cada encontro dura aproximadamente duas horas, e todos têm a oportunidade de falar e serem ouvidos. As falas são livres, resguardando-se apenas o compromisso da confidencialidade.
O casal explica que, dentro da metodologia adotada, os participantes não são obrigados a falar, e há o mínimo de intervenção possível. Ainda, segundo eles, falas são controladas por um “objeto”, o denominado “objeto de fala”, que tem como função garantir que toda a atenção do grupo se volte para aquele que está falando.
Com isto, quem tem vontade de falar, levanta a mão e espera a sua vez, em um constante exercício de ouvir e falar. O formato físico do encontro é circular, e por isso o nome “Roda de Conversa”, propiciando assim que todos se vejam ao mesmo tempo, se conhecendo até mesmo pelo simples olhar.
Com paciência e sabedoria, o casal garante, que todos aprendem a respeitar a vez do outro, ao falar e escutar – “um ótimo exercício de empatia”, enfatizam.
O primeiro encontro foi realizado no dia 25 de outubro de 2019, e de lá para cá já foram 06 encontros, com diversos temas debatidos. Dentre os assuntos abordados, cabe destacar que, em janeiro deste ano, em alusão ao “Janeiro Branco” – uma campanha nacional de cuidados com a saúde mental – a pergunta inicial para abertura da conversa foi “como estou cuidando de mim”?
Assim, cada participante buscou responder, descobrir ou redescobrir o que lhe faz sentir bem, sentir que a vida vale muito a pena ser vivida.
Os idealizadores esclarecem que a roda NÃO É TERAPIA e que o grupo não é atendido por nenhum profissional de saúde. Entretanto, todos os participantes confirmam que a roda de conversa desenvolve, sim, uma função terapêutica, e faz sempre muito bem a quem participa.
Compartilhar experiências, recordar bons momentos, alegrias e dores, tão comuns a todos os participantes, é enriquecedor, diz o casal.
Os idealizadores comemoram que é comum alguns dos participantes alegarem que naquela roda não falarão nada, entretanto, ao ouvir o relato do outro, muitas vezes se identifica, se anima e resolve falar também.
Na opinião do casal de idealizadores do projeto, cada pessoa na roda é única, cada uma tem uma importante contribuição com suas ideias e seus conhecimentos.
Na opinião deles, sempre há o que compartilhar, sempre há o que aprender, o que ensinar, pensar e repensar, e assim a história, ou melhor, a conversa, vai ficando criativa, instigante e muitas vezes divertida.
E vejam: rir faz muito bem para a saúde mental. Quem não gosta de um bom e bem-humorado papo perguntam Moacir e Glaudêmia.
O grupo tem páginas no Facebook e Instagram. Sigam: facebook/falaquedoimenos e instagram: @fala.quedoimenos